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Oleg Almeida. Memórias dum hiperbóreo. 7 Letras: Rio de Janeiro, 2008

O livro de Oleg Almeida fascina desde o título: "Memórias dum hiperbóreo". "Hiperbóreo" era como os gregos denominavam um povo que, segundo eles, morava além ou acima (hyper) do vento norte (Boréas). Um russo (e Oleg nasceu e se criou na Bielo-Rússia) pode considerar-se hiperbóreo. Entretanto, para os gregos, os hiperbóreos ficavam acima do vento norte, num lugar ensolarado, cujos habitantes viviam vidas paradisíacas. Para Píndaro, não era possível alcançar esse lugar nem por terra nem por mar. E aqui lembro o poeta Gerard Manley Hopkins, para quem era uma felicidade que não houvesse estrada régia até a poesia. "O mundo já devia saber", dizia ele, "que não se pode alcançar o Parnaso senão voando para lá".

Pois bem, chegamos a esse lugar ensolarado, a esse Brasil para lá da Rússia, e a essa Rússia para lá do Brasil, através da poesia de Oleg Almeida, por voos que nos levam da Grécia ao Egito, de Corinto a Alexandria, de Tebas a Mileto. Depois desse périplo espaço-temporal, regressamos à mesma Ítaca de onde partimos; regressamos, isto é, ao nosso agora e aqui; mas este se revelou muito mais complexo, rico, denso do que pensávamos antes da partida: e ficamos, como diria John Cage, com os pés um pouco acima do chão.

 

Antonio Cicero (4ª capa do livro)

 

A Arcádia hiperbórea de Oleg Almeida se apresenta numa contínua mudança de registros de ordem linguística, histórica e geográfica. Uma espécie de canção de exílio ou de memória, à maneira de um romance poético, de quem sabe o verso curto (stikhotvorenie) e se decide pelo poemeto. Quase uma intensa elegia, com alguma ressonância do Evgueny Oneguin de Puchkin. Um Oneguin da baixa-modernidade, herdeiro de modos culturais que se desvelam múltiplos, em línguas e camadas.

Os fragmentos dos diálogos de Oleg me levam a pensar em outros modos de conjugar exílio e memória, de seu mediterrâneo que são dois. Grego ao fim e ao cabo – imbuído de valores clássicos e, portanto, atuais. O primeiro mediterrâneo vem através de uma (embora mítica) quarta Roma, do monge Filofei, mais helenística do que propriamente grega. O segundo abre-se para Finisterra e envolve plenamente a imago brasilis – que constitui uma arcádia ao sul do exílio e de Deus. Como disse Darcy Ribeiro, uma Roma americana.

Essa geografia incondicional, aberta e flexível faz com que registros diversos ocupem esse romance da memória em versos, que Oleg evoca em seu panteão verbo-nominal – igualmente flutuante e ecumênico. Poeta de dois mundos. A construir uma síntese entre vertentes que deságuam na mesma bacia mediterrânea. Poesia aberta e emocionada. O poeta em sua perene transição. E nostalgia. Perspectivada sempre e a partir de uma demanda de espaço. Adesão e transparência do real. 

Marco Lucchesi (orelhas do livro)

 

Meu caro Oleg Almeida,

Muito obrigado por seu belíssimo "Memórias dum hiperbóreo" que li com a maior admiração. Você é uma voz inteiramente nova na poesia brasileira, o que pode ser atribuído à sua origem (falo um pouco por experiência própria: meus pais também vieram da Rússia), mas sobretudo por seu enorme talento. Parabéns! Receba um abraço do fã.

 

Moacyr Scliar (carta particular de 25 de março de 2009)

Resenhas: 

1. A aventura do 'Odisseu' Oleg Almeida por Paula Cajaty (publicado no site www.paulacajaty.com em 18 de maio de 2010; reproduzido na revista Algo a Dizer, edição 33 / junho de 2010 e na Germina: revista de literatura e arte, ano VII - edição 34 / setembro de 2010).

 

2. A portentosa poética neohedônica-tropical de Oleg Almeida no diferenciado livro de poemas "Memórias dum Hiperbóreo" (pequena resenha crítica) por Silas Correa Leite (publicado no blog  http://poetasilas.blogspot.com em 11 de junho de 2010; reproduzido nos sites: www.meiotom.art.brwww.paralerepensar.com.brwww.poesias.omelhordaweb.com.br, entre outros, e numerosos blogs literários).

 

3. Memórias de um Hiperbóreo por Ralph Peter Brammann (publicado no jornal Empresas & Negócios, Ano VIII - Número 1755 (p. 10) em 11 de setembro de 2010).

 

 

 

   

  

4. Hiperbóreo nos trópicos: a poesia de Oleg Almeida por Jardel Dias Cavalcanti (publicado no portal Digestivo Cultural (www.digestivocultural.com) em 05 de abril de 2011).

 

 

 

 

5. O trágico fim da União Soviética na poesia lírica de Oleg Almeida por Antônio Luiz Souza de Oliveira (publicado no portal Café História (http://cafehistoria.ning.com) em 20 de fevereiro de 2012). 

 

6. Sutileza ardilosa por Rejane Machado (publicado na revista Diversos Afins: entre caminhos e palavras, leva 81 / julho de 2013).

 

 

7. Quando o mito e o real se encontram na poesia por Alan Martins (publicado no blog Anatomia da Palavra (https://anatomiadapalavra.wordpress.com) em 22 de abril de 2018).

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