Oleg Almeida: poeta e tradutor
O VERÃO
Olha, querida: o flamboaiã,
defronte da nossa casa,
está em flor.
Por certo, fará ferino calor
no verão.
Esperaremos pela renovação,
pelo bruto vigor
que as nuvens plúmbeas derramarão.
Se a chuva for abundante,
nada nos faltará...
E se não for?
Haverá uma seca atroz
e tamanha dor
que a própria terra em pranto se esgotará,
pedindo que Deus umedeça seus lábios rachados,
em vão;
infinitos serão esses dias sem água,
os dias sádicos
do verão.
E quando ficarmos nós dois
de pavor
tomados, pensando que nunca mais choverá,
um raio veloz irá traspassar os céus,
e depois
o dilúvio manifestar-se-á salvador.
Nós abriremos uma garrafa de vinho,
então,
e brindaremos às plantas,
para que recuperem rápido sua cor;
à paciência humana,
para que seja invicta;
e, finalmente, ao nosso amor,
para que sempre responda em plena voz
ao verão.