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O VERÃO

 

Olha, querida: o flamboaiã,

defronte da nossa casa,

está em flor.

Por certo, fará ferino calor

no verão.

 

Esperaremos pela renovação,

pelo bruto vigor

que as nuvens plúmbeas derramarão.

Se a chuva for abundante,

nada nos faltará...

E se não for?

 

Haverá uma seca atroz

e tamanha dor

que a própria terra em pranto se esgotará,

pedindo que Deus umedeça seus lábios rachados,

em vão;

infinitos serão esses dias sem água,

os dias sádicos

do verão.

 

E quando ficarmos nós dois

de pavor

tomados, pensando que nunca mais choverá,

um raio veloz irá traspassar os céus,

e depois

o dilúvio manifestar-se-á salvador.

 

Nós abriremos uma garrafa de vinho,

então,

e brindaremos às plantas,

para que recuperem rápido sua cor;

à paciência humana,

para que seja invicta;

e, finalmente, ao nosso amor,

para que sempre responda em plena voz

ao verão.

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