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Entrevista publicada no site da Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE) em 20 de março de 2008

 

Quem sou

Meu nome é Oleg Andréev Almeida. Eu nasci em 1º de abril de 1971 na Bielorrússia, uma das repúblicas da extinta URSS. Minha família sempre teve – e continua tendo! – vastas tradições criativas: minha avó Helena, além de ensinar Língua e Literatura Russas na escola secundária, dirigia um pequeno teatro de marionetes; meu tio Vadim era um dos melhores violonistas bielorrussos; meu primo Andrei, hoje em dia, compõe e interpreta músicas de cunho filosófico e satírico. Formado em Letras (1992) e pós-graduado em Administração Financeira (1999), eu ingressei, bem no início da década de 90, na área comercial e lá segui uma longa carreira de tradutor, analista e executivo, acompanhando de perto a evolução mercadológica do Leste europeu. Em 2005, mudei-me para o Brasil. Atualmente moro em Brasília e trabalho como tradutor do vernáculo russo.

 

Meu sonho de escrever

Meu interesse pela literatura, em geral, e pela poesia, em particular, surgiu muito cedo. Alfabetizado por minha mãe com 6 anos de idade, eu me tornei um verdadeiro devorador de livros. Ainda em criança, descobri o fascinante mundo da mitologia grega e do folclore eslavo. Quando adolescente, li não apenas as obras clássicas de Púchkin, Gógol, Dostoiévski, Tolstói, Tchêkhov, que faziam parte do currículo escolar, como também as de Plutarco e Shakespeare, Flaubert e Sienkiewicz, Camus e Remarque. Dessas leituras enriquecedoras é que proveio o meu sonho de escrever, de confiar a uma folha de papel branco minhas ideias e emoções. A primeira história infantil (Viagem à Lua) foi rabiscada por volta de 1980 e o primeiro poema (Belarus), publicado num jornal de Gômel, minha cidade natal, em 1988. Desde então, o gosto pelas letras tem-me feito buscar diversas formas de expressão artística. Vindo ao Brasil, eu passei a escrever em português para ampliar e, de certo modo, internacionalizar o meu trabalho literário, levá-lo ao conhecimento do público lusofalante.

"Uma torre de marfim"

Na minha opinião, a vida real e a arte ideal constituem um todo harmonioso, conquanto esta muitas vezes pareça impecável e aquela, cheia de imperfeições. Assim sendo, não cabe ao poeta transformar sua arte numa "torre de marfim" para nela se esconder da áspera realidade, tampouco lhe negar toda relevância a pretexto de as chagas da humanidade não se curarem com versos. A função da poesia consiste em mostrar a vida tal como ela é – dura, trágica e, ao mesmo tempo, tão incontestavelmente bela em sua complexidade de sons e matizes – a fim de sensibilizar os leitores, educá-los e, quem sabe, aprimorar a sua concepção dos valores humanos.

Meus preferidos

Foram quatro as obras que mais me impressionaram em toda a vida – Marília de Dirceu de Tomás Antônio Gonzaga, O Romanceiro Cigano de Federico García Lorca, As Flores do Mal de Charles Baudelaire e Mamãe e a Bomba de Nêutron de Evguêni Yevtuchenko – lidas, respectivamente, em português, espanhol, francês e russo. Acho que, se não as tivesse conhecido, meu próprio estilo poético seria outro! 

A CBJE

Cheguei a conhecer a CBJE em fins de 2006, navegando à toa pela Internet. Logo inscrevi uma das minhas poesias (Pouco importa) na seleção da Câmara e, passados uns meses, fiquei felicíssimo de vê-la integrar, primeiro, a "Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos" e depois o "Panorama Literário Brasileiro – 2007/2008". Estou admirado com o democratismo, em que se baseiam as atividades culturais da CBJE, e dou o meu sincero apoio a tudo o que ela faz para incentivar os novos autores a tirarem suas obras da gaveta. Tenho plena certeza de que, nos próximos anos, alguns dos escritores encorajados, iguais a mim, pela CBJE ganharão seu espaço no âmbito literário brasileiro.

 

Aos que estão começando

Não sei se tenho bastante experiência para aconselhar a quem estiver engatinhando nas letras algo que ainda não lhe tenha sido aconselhado; portanto me limito a pôr em relevo três coisas básicas. Leia, meu caro amigo, leia o suficiente para aprender a difícil arte de escrever com grandes mestres, de Homero a Pablo Neruda e de Platão a Michel Foucault. Observe o dia a dia, como se fosse um quadro dinâmico, procure o que ele tem de bom, de lindo e pitoresco, mas nunca se esqueça do lado obscuro da vida que precisa ser alumiado. E, o mais importante, não tenha medo de divulgar seus escritos: mesmo se forem severamente criticados, não diminuirá a inspiração que os gera! 

Finalizando, gostaria de desejar aos meus colegas-poetas novos sucessos profissionais e pessoais, e à equipe da CBJE, novas safras no cultivo desses nobres talentos.

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