Oleg Almeida: poeta e tradutor
Entrevista concedida a Maria Cristina Andersen e publicada no Blog do Escritor e no Portal do Escritor, vinculados à Editora Scortecci, em 12 de agosto de 2018:
Maria Cristina Andersen: Olá, Oleg. É um prazer contar com a sua participação no Blog Divulgando Livros e Autores da Scortecci do Portal do Escritor... Do que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público a que se destina sua obra?
Oleg Almeida: Este livro, intitulado Desenhos a lápis, é uma espécie de diário lírico. Trata-se nele de minhas passagens pela cidade de São Paulo, ou melhor, daquelas impressões, diversas e fortes, que tive ao visitá-la. Escrito no outono de 2014, demorou bastante em vir a lume. Apenas em fevereiro de 2018 é que foi lançado pela Scortecci. Agora que está à venda, espero que seu público leitor não se restrinja aos paulistanos, mas venha a incluir, de modo geral, as pessoas que apreciam uma visão poética de temas urbanos.
MCA: Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
OA: Na verdade, é meu quarto livro de poesia: os três primeiros (Memórias dum hiperbóreo, Quarta-feira de Cinzas e outros poemas, Antologia cosmopolita) foram publicados pela editora carioca 7Letras. Quanto ao meu histórico pessoal, bem... tentarei relatá-lo em duas palavras. Nasci muito longe daqui, na Bielorrússia que fazia parte da União Soviética e depois se tornou um país independente; estudei as letras francesas, trabalhei, por uma década, em várias empresas privadas; acabei deixando a terra natal. Vim ao Brasil em julho de 2005. Desde então, tenho seguido uma dupla carreira literária. Chamo-a de dupla porque me dedico, paralelamente, à poesia e à tradução do russo e do francês, sendo esta meu ganha-pão e aquela, uma tentativa de exprimir minhas ideias e emoções. As obras por mim traduzidas (Crime e castigo, Memórias da Casa dos mortos, Humilhados e ofendidos, de Fiódor Dostoiévski, A morte de Ivan Ilitch e outras histórias, de Lev Tolstói, O esplim de Paris: pequenos poemas em prosa, de Charles Baudelaire, entre outras) ocupam um lugar cada vez mais visível no mercado livreiro do Brasil.
MCA: O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
OA: Com base em minhas experiências próprias, poderia afirmar que a vida de um escritor profissional, aqui no Brasil, não é nada fácil. Eu não consigo viver de meu trabalho literário (aliás, nem sonho com isso) e acredito que a maioria dos meus colegas diria o mesmo. Em nosso meio, a quantidade de leitores ativos está, por enquanto, menor do que lá fora, na Europa e nos Estados Unidos, e não me parece que as políticas públicas atinjam plenamente seu objetivo nessa área. Só quando o interesse pela literatura e o respeito por quem a produz forem generalizados é que a condição financeira dos escritores vai melhorar... O que nos cabe fazer para que isso ocorra algum dia? Produzir uma boa literatura e não poupar esforços para promovê-la. Coisas de Dom Quixote, não é? Entretanto, é a única ferramenta que temos nas mãos.
MCA: Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
OA: Foi o exemplo de meus amigos, Rejane Machado e Valdeck Almeida de Jesus, Mirian de Carvalho e Ronaldo Cagiano, cujos livros haviam sido editados pela Scortecci, que me incitou a tomar contato com ela. Não ficaria exagerando, hoje em dia, se a recomendasse aos outros autores: a qualidade dos serviços que presta é alta, o teor dos contratos que oferece é justo...
MCA: O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
OA: Creio que meu livro merece ser lido por duas razões principais. Antes de tudo, é claro, simples e transparente, concebido sem aqueles floreios desnecessários que tendem a afugentar o leitor em vez de atraí-lo. Ademais, seu conteúdo é interessante em si, pois chama a atenção para nosso cotidiano, para os altibaixos que vivenciamos sem pensar neles e os problemas que despercebemos por serem rotineiros. São Paulo é, de certa forma, uma quintessência da realidade brasileira, um resumo de tudo o que o Brasil tem de bom e de ruim, de chocante e de cativante, de inspirador e de desesperador. Falar de São Paulo é falar do Brasil inteiro!
MCA: Obrigada pela sua participação.